segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Estado concede anistia a Manoel Barretto


Depoimento emocionado de Manoel Barretto

Depois de dois dias de julgamento, a 53ª Caravana da Anistia encerrou os trabalhos, em Salvador, pedindo perdão, em nome do Estado, a 16 ex-presos políticos baianos. Foram julgados vários processos, entre eles, o de Manoel Barretto da Rocha Neto. “A emoção voltou a tomar conta de todos que assistiam ao julgamento do pedido de Anistia”, comentou emocionado seu advogado Augusto de Paula. “O relatório minucioso e o depoimento de Manoel Barretto trouxeram mais uma vez as lembranças de um tempo não tão distante e muitas lágrimas”, finalizou.


Na sessão, realizada no auditório do Conselho Estadual de Cultura, a Caravana, organizada pela Comissão Nacional da Anistia do Ministério da Justiça e pelo Grupo Tortura Nunca Mais, anistiou os militantes considerando-os como perseguidos políticos durante as duas ditaduras militares vividas pelo Brasil. Na segunda-feira (05/12) aconteceu a homenagem ao centenário de vida de Carlos Marighella, baiano filiado Partido Comunista do Brasil, recebeu a anistia "post mortem".

A Comissão ao julgar o processo reconheceu as violências e torturas praticadas pelo Estado nos tempos da ditadura militar contra o professor Manoel Barretto, o declarou “ANISTIADO pedindo-lhe desculpas em nome do Governo e do povo Brasileiro por todas as atrocidades praticadas contra ele, sua família e amigos”.

O diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Manoel Barretto foi perseguido, preso e torturado durante o regime militar, quando cursava geologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1974, recém-formado, foi contratado pela CPRM e prestava serviços no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) quando foi demitido.

... feliz de quem passa pela vida; tendo mil razões para vivê-la...
 Helder Câmara

A Solenidade contou com a presença do governador da Bahia, Jaques Wagner, do ex-governador Waldir Pires, de vários deputados federais, estaduais, vereadores e senadores, além de secretários do estado, ex-presos e militantes políticos.

 Presidiu a Sessão de julgamento a conselheira Sueli Aparecida Bellato e o relator foi o conselheiro Prudente José Silveira Mello. Também participou do julgamento o advogado Augusto de Paula, defensor do Anistiado Manoel Barretto.

Confira a lista dos anistiados:
1. Manoel Barretto da Rocha Neto: foi preso duas vezes em 1971 quando era estudante, respondeu a inquérito Policial Militar e foi absolvido em 1973. Era professor da UFBA e teve o contrato cancelado em 1976.
2. Nilton Jorge Kosminsky: acusado de pertencer ao MR-8, exilou-se do México para não ser preso.
3. Aristiliano Soeiro Braga: estudante preso em 1964 e 1970.
4. Juvenal Silva Souza: ao participar de passeata contra prisão dos estudantes em Ibiúna (SP), foi alvejado por tiros da polícia. Exilado na Itália.
5. Evan Felipe de Souza: preso em 1972 na fábrica em que trabalhava. Respondeu ao IPM 22/72 que foi instaurado para apurar as atividades da POLOP no Estado da Bahia.
6. Lourival Soares Gusmão: preso em 1982 por participar do lançamento da revista Cartilha do Araguaia. Foi posto em liberdade 19 dias depois.
7. Josafá Costa Miranda: preso em 1972 por ser acusado de ser militante da Organização de Combate Marxista Leninista – Política Operária CML – PO.
8. Delmiro Martinez Baqueiro: ex-funcionário da Petrobras, foi preso em 1972 por ser um dos membros da OCML-PO e em 1973 foi condenado a três anos de reclusão.
 9. Luiz Carlos Café da Silva: ex-funcionário do INSS, sofreu perseguição por ter respondido IPM em 1964. Foi compelido a pedir exoneração.
10. Tânia Aarão Reis: filha de ex-preso político banido do país em 1971. Nasceu no Chile em 1973 e somente conseguiu passaporte brasileiro em 1980.
11. Jairo Cedraz de Oliveira: participou do Movimento Estudantil Secundarista em 1966 e foi membro da POLOP em 1967.
12. Mário Barbate: foi encarregado da tipografia do PCB em São Paulo, em 1940. Alega que foi preso em 1941 por ser responsável pela tipografia de vários manifestos contra o governo da época.
13. Sinval Araújo De Andrade e Lucia Maria Pereira De Andrade: ex-funcionário da Petrobras, demitido em 1965.
14. Edmundo Dias De Fariase: ex-funcionário da Caraíba Metais S/A. Metalúrgico do Pólo Petroquímico de Camaçari. Demitido por participar do movimento grevista.
 15. Wesly Macedo de Almeida: foi preso em 1970 e respondeu a IMP instaurado para apurar atividades subversivas do PC do B e do PCBR, pelo qual foi condenado a três anos de reclusão.


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