quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cavernas em foco no Projeto Rochas Carbonáticas de Rondônia


Salão no interior da Gruta da Cuíca III 

Cavernas são feições muito comuns em terrenos formados por rochas carbonáticas como o calcário e o dolomito. Em geral as cavernas são apenas uma parte de uma rede de fissuras subterrâneas impenetráveis que configuram complexos ecossistemas, onde vive uma fauna especializada importante em termos científicos e ecológicos. As cavernas também podem preservar fósseis de animais extintos e registros de acontecimentos climáticos pré-históricos. Por sua importância, a Constituição Federal qualifica as cavernas como Bens da União, sendo sempre tratadas no âmbito de uma criteriosa legislação.

Entre os municípios de Espigão d’Oeste e Pimenta Bueno, no sudeste do estado de Rondônia, a região conhecida como “serra do calcário” apresenta o mais significativo sistema de cavernas atualmente conhecido no Estado. Uma rede labiríntica de fendas, condutos estreitos e salões de volume significativo projetam-se ao longo de fraturas e camadas da rocha ocupando uma faixa de cerca de 1.200 metros de extensão por 300 metros de largura, boa parte em terreno sob floresta tropical aberta. 

Exploração de conduto subterrâneo
 e análise química de água.
Pequenos rios subterrâneos percorrem a sequência de cavernas conhecidas como grutas da Cuíca, da Frente de Lavra e do Calcário, num trajeto de mais de 1km colina abaixo, desde as diversas pequenas dolinas e fendas coletoras de águas de chuva, situadas nas altas vertentes, até sua desembocadura num cânion muito bonito conhecido como córrego das grutas. Um total de dez cavernas integram o sistema, todas abrigando grandes colônias de morcegos. Durante as chuvas, volumes torrenciais de água inundam grande parte da rede subterrânea, garantindo o aporte de nutrientes trazidos da superfície que sustentam uma rica fauna aquática de peixes, crustáceos, insetos e anfíbios.

A região calcária de Espigão d’Oeste também representa a principal reserva explotável de calcário dolomítico de Rondônia, com mais de 260 milhões de toneladas estimadas, aptas à produção de corretivo da acidez do solo. A reserva foi descoberta pela CPRM em 1977 e nos últimos cinco anos voltou a ser explorada pela Companhia de Mineração de Rondônia (CMR), que está ampliando a capacidade de operação da mina.

Pesquisadora da CPRM em 
procedimentos de exploração 
No sentido de reconhecer a natureza espeleológica associada às rochas carbonáticas da região, a CPRM realizou um levantamento integrado dos ambientes superficial e subterrâneo local, sob enfoque geossistêmico, sobretudo para compreender a dinâmica de funcionamento do ambiente e assim ter uma percepção mais refinada sobre a representatividade e importância do sistema ambiental ali existente.

O reconhecimento do geossistema cárstico de Espigão d’Oeste está no escopo do Projeto Rochas Carbonáticas do Estado de Rondônia, desenvolvido pela Residência de Porto Velho no âmbito do Departamento de Recursos Minerais (DEREM).


A abordagem espeleológica tem como princípio a caracterização de elementos do patrimônio natural e cultural brasileiro para subsidiar a mediação de possíveis conflitos, buscando um melhor aproveitamento dos bens minerais disponíveis ao desenvolvimento socioeconômico do país. O trabalho está a cargo dos pesquisadores Carlos Eduardo Santos de Oliveira (GEREMI/REPO), Mylène Berbert-Born (DEGET/Sede) e Rafael Costa da Silva (DIPALE/RJ), sob a coordenação da Divisão de Minerais e Rochas Industriais (DIMINI).

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